Na parede uma pintura estava presente
Remetia à saudade do que era ausente
Cá no mundo era pleno Inverno, curioso inversão
Pois o quadro retratava a força do verão
Na parede uma pintura estava presente
Remetia à saudade do que era ausente
Cá no mundo era pleno Inverno, curioso inversão
Pois o quadro retratava a força do verão
Esse saiu assim, só porque deu vontade
Essa senhora tão linda, pura intensidade
Levou-me de volta ao texto, e nem era hora disso
Colocando-me nessa situação, escrevo sem compromisso
Longo dia de espera, talvez tenha sido semana
E não saía da orla, esperando por quem ama
Partiu em barco apressado, o valente pescador
Partiu a fonte da alegria, mas agora era dor
Com linha a vida costurou, um algo inexplicável
Convinha ser como foi, parecia inexorável
Combina a história e conta, ordenaram as musas
Colina era o local da luta, em minhas memórias confusas
"Ventoso!", ela acusou, e parecia irritada
Sorrindo ele agradeceu, mas não havia piada
Sorriso a incomodou, como se confirmasse o dito
Portanto se retirou, era um caso perdido
"Casualidade é fácil de crer, mas não tenho certeza que exista!"
Disse ela ao rapaz, e "Espero que não persista!"
"Me desculpe por insistir!", foi como ele retrucou
"Mas só creio no aleatório!", parece que protestou
O rato roeu ou deixou? Pegou e Fugiu
Falta algo por aqui; e sei que sumiu
Correu pra longe, mato, bosque, ou montanha
Veloz e ágil, bichinho que não se apanha
Mirou-o firme, nos olhos, e então estendeu a mão
Com ela entregava um fruto, mas não o conto do Adão
Recebido o doce presente, silencioso agradecimento
Há certas coisas na vida que dispensam parlamento
Faz uma semana que me tomou este ímpeto
Vontade diária, constante, de verter no texto a inspiração
Por um momento escrevi obrigado, explicação na qual não me meto
Mas agora o faço jogado, não é mais possível inação
Por um fio, voava a pipa que acabo de ver
Fui lá fora, reverenciar o dia que não vi nascer
Meninos com os pés no chão, se punham a voar
No lindo céu azul, sem nuvens, eu fui olhar
"Um dia frio, um bom lugar pra ler um livro"
Meu coração perdido aqui, canção ao pé do ouvido
O céu tá cinza, melancolia, aves, brisa
A mente vaga e sente o quê? coração manda, não avisa
Nuvens semidensas encobrem o céu
Confusa dança de azul e branco, ali um véu
Também há cinza e algum laranja
Sinais que o irmão Sol está na franja
Brincar com as palavras, me apaixonei
Eu tinha esquecido, mas eu voltei
Esse eu comecei ontem, não quis perder
Guardei pra terminar hoje, sem me prender
Há algo a se observar na vida
Bem parece um jogo, divertida
Cê deveria olhar com atenção
Deveria notar a expressão
Cê não sabe como é preciso
Tempo, vento, cantar e voo
Vida e mundo em tom conciso
Dançam em paz ao redor do fogo
Sem sono, vim para fora
Está menos frio que esperava
Quase três da manhã, eis a hora
Lua nova aqui não aguardava
Acordei mais cedo que o habitual
Não insisti em ficar deitado
Vim para fora, frio invernal
Pela neblina fui abraçado
Donde estou há duas formas de observar o poente
Olhando-o, enquanto se esconde atrás de uma casa no horizonte
Ou vendo a luz (e calor) que foge(m), subindo (de minha casa) a frente
Quatro linhas escritas, e a sombra escalou (sete metros) qual foguete
Queria tocar algo em Dó (C),
Até gostei do resultado
Na garganta habitava um nó
Tanto tempo instrumento guardado
Aqui, ventos pré-chuva num céu desprovido de nuvem
Mudou o que vejo ou eu? Não sei prever o que vem
Há algum frio, convite aos cobertores
Sono não há, desejo os sabores
Não posso mover as nuvens mais rapidamente,
quando desejo desobstruir a luz do sol pra clarear a mente
tampouco estacioná-las, quando sua insustentável arte me encanta,
quando suas formas mudam, outrora borboleta ou planta