sábado, 22 de fevereiro de 2025

Porto da solidão

 Certa feita me distraí e, plau, me apaixonei

Eu ia bem, bebericando, gole a gole, a solitude

Orgulhoso da vida singular à qual me entreguei 

Era tranquila, e feliz, havia um quê de plenitude 


E, apaixonado, vacilei, baixei a guarda, o escudo 

E nessa via mergulhei, vivi dez anos em um mês 

Mas tudo acaba, tudo acaba, e isso é tudo 

E da tristeza, da saudade, fez-se a vez 


E amargurado, contra o amor me levantei 

Tomei espada, e decidi não mais amar

Pois é segura a solidão, eu já notei 

E dei as costas ao que era água, a todo o mar


Mas há problema, não sou guerreiro, e nem das armas

Sou marinheiro, filho do vento, danço com a vela 

Então percebo, fui leviano, "Como não amas?"

Disse-me o mar, e eu aceito ir lá revê-la


Rever a musa, que não tem face, é um conceito 

Aceito o mar, e o amor, estou voltando 

É ilusão, a solidão, um mal preceito 

Pois é no encontro, e no afeto, não é lutando 


Que se completa, e complementa, a existência 

Pois só com outro é que se vive a experiência 

De se entender, e melhorar, e transformar

E no processo, vou aprendendo o que é amar 

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