Certa feita me distraí e, plau, me apaixonei
Eu ia bem, bebericando, gole a gole, a solitude
Orgulhoso da vida singular à qual me entreguei
Era tranquila, e feliz, havia um quê de plenitude
E, apaixonado, vacilei, baixei a guarda, o escudo
E nessa via mergulhei, vivi dez anos em um mês
Mas tudo acaba, tudo acaba, e isso é tudo
E da tristeza, da saudade, fez-se a vez
E amargurado, contra o amor me levantei
Tomei espada, e decidi não mais amar
Pois é segura a solidão, eu já notei
E dei as costas ao que era água, a todo o mar
Mas há problema, não sou guerreiro, e nem das armas
Sou marinheiro, filho do vento, danço com a vela
Então percebo, fui leviano, "Como não amas?"
Disse-me o mar, e eu aceito ir lá revê-la
Rever a musa, que não tem face, é um conceito
Aceito o mar, e o amor, estou voltando
É ilusão, a solidão, um mal preceito
Pois é no encontro, e no afeto, não é lutando
Que se completa, e complementa, a existência
Pois só com outro é que se vive a experiência
De se entender, e melhorar, e transformar
E no processo, vou aprendendo o que é amar
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