domingo, 9 de fevereiro de 2025

Travessia de Dezembro

 Do alto da sacada, vejo as luzes e lembro de ti.

No sol, no som e na brisa, penso em tudo o que eu já vivi

Vivemos, e foi verdadeiro, aventuras no mês de dezembro 

Com risadas, encontros, passeios, e de tudo o quanto me lembro


E então tu me pede que saia, e eu vou, relutante, eu sigo

Desta pausa confusa fui causa, eu falhei, eu não fui teu abrigo 

E agora partiu tua risada, há silêncio em volta, sem fim

Sem encontros, encontro morada, nesse canto escuro de mim


E os passeios, outrora vibrantes, eu mantenho, ainda que só 

Pois a vida é curta, e eu vivo, e adio o retorno ao pó 

A garupa está triste, vazia; um espaço a mais, uma ausência 

Mas sou grato por tudo de antes, tu foi minha mais bela querência 


E agora te digo, de fato: É tão doce assistir teu sorriso

E agora que somos passado, aceitar e entender é preciso 

Mas me alegra saber que há presente, na presença que você manteve 

E então não se rompe de todo, a amizade que um dia se teve


Um poeta já disse "meu bem, o mundo (...) está na (...) estrada (...) em frente"

"O trem se vai na noite sem estrelas", respondeu outro alguém, de repente 

"Por dezembros atravesso, oceanos e desertos"

E me lanço em caminho estranho, mas é belo, sei que isso é certo.

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