Certa feita me distraí e, plau, me apaixonei
Eu ia bem, bebericando, gole a gole, a solitude
Orgulhoso da vida singular à qual me entreguei
Era tranquila, e feliz, havia um quê de plenitude
Certa feita me distraí e, plau, me apaixonei
Eu ia bem, bebericando, gole a gole, a solitude
Orgulhoso da vida singular à qual me entreguei
Era tranquila, e feliz, havia um quê de plenitude
Do alto da sacada, vejo as luzes e lembro de ti.
No sol, no som e na brisa, penso em tudo o que eu já vivi
Vivemos, e foi verdadeiro, aventuras no mês de dezembro
Com risadas, encontros, passeios, e de tudo o quanto me lembro
E então tu me pede que saia, e eu vou, relutante, eu sigo
Desta pausa confusa fui causa, eu falhei, eu não fui teu abrigo
E agora partiu tua risada, há silêncio em volta, sem fim
Sem encontros, encontro morada, nesse canto escuro de mim
E os passeios, outrora vibrantes, eu mantenho, ainda que só
Pois a vida é curta, e eu vivo, e adio o retorno ao pó
A garupa está triste, vazia; um espaço a mais, uma ausência
Mas sou grato por tudo de antes, tu foi minha mais bela querência
E agora te digo, de fato: É tão doce assistir teu sorriso
E agora que somos passado, aceitar e entender é preciso
Mas me alegra saber que há presente, na presença que você manteve
E então não se rompe de todo, a amizade que um dia se teve
Um poeta já disse "meu bem, o mundo (...) está na (...) estrada (...) em frente"
"O trem se vai na noite sem estrelas", respondeu outro alguém, de repente
"Por dezembros atravesso, oceanos e desertos"
E me lanço em caminho estranho, mas é belo, sei que isso é certo.