terça-feira, 27 de setembro de 2011

#Vazio - Pela manhã


Prefácio!

Em 06/06/2011 iniciei através do Twitter (@PhdCelo) um trabalho o qual classifiquei como “Micro-Livro-OnLine-Em-Fascículos”; Seu título era “#Vazio”. Micro em decorrência do limite de 140 caracteres imposto por aquela mídia; Em fascículos justamente porque entendia como um fascículo cada uma destas postagens, fazendo aproximadamente uma ao dia! Tive uma única leitora assídua, minha amiga @Cris_suzart . Penso que o meio escolhido para a publicação do texto deva ter tornado cansativa sua leitura, já que se lia praticamente uma linha por dia, assim, decidi condensar nesta página o que havia postado lá e inserir aqui, progressivamente, a sequência e conclusão do trabalho. Espero que assim faça mais sentido!

Pela Manhã (1° capítulo)

Levantou apressado "É tarde". Fitou o quarto "Ninguém". Gritou sem resposta. Confuso, retomou a rotina matinal. Perdido, saiu! Gostava do cantar dos pássaros e cumprimentava Dona Lourdes, idosa e sorridente vizinha. Naquele dia, nem canto nem "Oi". Dona Lourdes abria sua lojinha religiosamente às 6h. Naquele dia, 8h37, portas fechadas. Na rua não havia carro, nem moto, nem cão. Ao ponto foi em vão. Nenhum passageiro esperava. Nenhuma condução chegava. Asfalto, Casas, Vento frio, Tudo havia. Vida, apenas uma.
Desconcerto pela situação. Desespero pela solidão. Culpa pela paz. Turbilhoam pensamentos e folhas. Vento Forte! Esperou. Nenhum veículo. Companhia? Só o sussurro do vento. No céu, nuvens vagarosas. Tudo nítido demais! Pesadelo? Impossível. Mas como tratar do 'Possível' numa situação daquelas? Atordoado, pôs-se à caminhar! “Ao metrô, mesmo que à pé! Lá haverá alguém!". 40 minutos de solitária caminhada. O silêncio quase feria os ouvidos! Na estação, portões fechados! Desejou acordar! Temeu loucura; "Poderiam as pessoas estar lá e alguma alucinação omiti-las?". Lembrou de Descartes; "Gênio Maligno?"
A estação se elevava sobre a mais movimentada avenida da cidade. Parou e admirou. A mais deserta avenida do mundo! A situação oscilava entre o aterrador e o desejável; Despertou à ausência daqueles a quem amava. Agonia incomensurável se instalou. Onde ir? A quem recorrer quando ninguém há? Saiu da estação. Correu freneticamente pela avenida sem trânsito. Ignorava destino! Seguiu pelas tortuosidades da via; pisava a faixa central. Correu até não mais poder; Prantos e suor! Correu ainda mais! Exausto, lançou-se ao chão. Abraçava o planeta. Face rente ao asfalto, gelado demais para ser ilusório. Vapor saia da boca. Fio d'água salgada no chão; "Microriacho" cuja nascente eram os olhos. Desejou o atropelamento, mas nenhum carro veio.
No final de semana dirigiu por esta via admirando o dourado dos Ipês em flor na calçada. Perplexo, notou que até estes se foram. Com esforço levantou. Bochecha dormente pelo gelo do asfalto. Foi até um dos pontos na calçada donde outrora saía um grande ipê. Nenhum vestígio de árvore, ervas ou musgo. Nem mesmo o buraco de onde teria sido arrancada. Nenhuma marca de movimento na terra. Era como se a árvore jamais tivesse existido. Abaixou e meteu a mão na terra fria, fofa e estéril. A única vida era a sua! Sentou-se na sarjeta, mirando algum infinito depois da avenida. Nenhuma água corria sob os pés, nenhum vento no rosto! O ar adjacente sequer possuía temperatura; ele não sentia calor ou frio. Sentia apenas o toque do ar, quando se movia!
Depois deste instante de estática universal, novo vento soprou, ruidoso como o da manhã, poucas horas antes! A rajada, que não era fria, o fazia pestanejar e sacudia suas roupas e cabelo; Forte, mas não chegava a tirar-lhe o equilíbrio. Ao redor era diferente; não duvidou do que via; não estava mais em posição de duvidar. O vento rumava para o Oeste com força. Sabia bem onde era o Oeste. Da infância trazia consigo o hábito de olhar o Sol e decorar as direções, onde quer que fosse. Parecia soprar a centenas de quilômetros por hora, pois pulverizava as sólidas edificações humanas como se feitas de areia! Quem já viu o vento soprar altos picos nevados sabe o que ele viu. A poeira formada de concreto destruído pelo vento traçava faixas à partir do alto das construções. Adivinhava a velocidade do vento pela sua extensão! Sumiam no horizonte!

6 comentários:

  1. Muito Obrigado!
    Espero que goste das sequencias!
    Um abraço!

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  2. Poxa...to gostando. Quero escrever também, será que me permite?

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  3. Olá Gabi!
    Acaso pretende transformar este livro em um RPG? (Múltiplos autores) rs. Se não se incomoda, prefiro manter individual a autoria do "#Vazio", não obstante, o Blog "Novos Escritos" não foi criado para se encerrar neste único escrito, assim, caso tenha intenção de produzir uma ficção, será aqui publicada, sem dúvida!
    Um abraço!

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  4. Claro que nao quero transformar em um RPG...Quero um só meu tambem rsrsrs. Se eu escrever te mando para revisar pode ser?

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