- O que vamos fazer?
- Não há nada a fazer Rapaz. Só esperar.
Ficaram lado a lado, empoleirados naquele degrau enquanto a multidão de
sombras sobrevoava veloz a muralha e seguia rumo ao Oeste. Marcus percebeu que
a passagem daquelas sombras, apesar de aterrorizante, não apresentava aquele
ódio quase físico que escorria da sombra que os perseguia. Ficou tranquilo ao
imaginar que nem ela viria aquela noite. “Ela deve evitar as demais. Tornou-se
algo a ser arrastado, como nós!” era o que ele pensava, mas no instante
seguinte qualquer centelha de tranquilidade foi varrida do mundo com força
maior que a do Vento do meio dia. Marcus estava com as costas junto à parede
rochosa quando começou a sentir um tênue desconforto, o qual foi
progressivamente aumentando, dando lugar ao temor. Algo que não podia descrever,
mas cuja sensação da presença já lhe era bem familiar, se aproximava
vagarosamente, vindo de algum lugar no abismo sob seus pés. Valdomiro deve ter
percebido a mesma coisa, pois agarrou o braço de Marcus, puxando-o rumo ao
Norte. Engatinharam com dificuldade, o mais rápida e silenciosamente que
puderam. A sensação não diminuiu, evidenciando que a Sombra ainda os seguia,
mas também não aumentou, dando a esperança que, por algum motivo desconhecido,
se movesse com igual lentidão. O degrau no qual estavam era bastante irregular.
Às vezes tornava-se mais largo, facilitando o avanço, às vezes tornava-se
demasiadamente estreito, deixando-os prestes a cair. A perseguição seguia e os
dois fugitivos sentiam seu desespero crescer com o aumento gradual da sensação
de ódio. A onda de sombras sobre suas cabeças não cessava, eliminando suas
esperanças de fugir para a água. A Sombra atrás deles, mesmo avançando
lentamente, ainda era um pouco mais rápida que os dois.
Em um dado momento não era mais possível identificar o que era mais intenso: a escuridão diante dos olhos ou a onda maciça de ódio projetada pela criatura que os perseguia, cada vez mais próxima. O mundo pareceu ter acabado no momento que Marcus sentiu algo agarrando-lhe o calcanhar. O terror foi maior que qualquer vestígio de racionalidade, levando-o a emitir um grito de terror. Com um dos pés ele golpeou a mão invisível, libertando-se por alguns instantes. Tentou avançar mais rapidamente, mas foi novamente agarrado e puxado rumo ao abismo. A coisa era demasiadamente forte, mas não pesada, assim ficou pendurada em uma das pernas de Marcus enquanto este tentava agarrar-se como podia no patamar em que estava, usando os braços e a perna livre. Valdomiro se virou com dificuldade e tentou ajudar o amigo. Era difícil puxá-lo para cima, já que não podia ele mesmo ficarem pé. Algo passou muito
perto de sua nuca.
Continua em #Vazio - A Fome das Sombras (32) "Genium Malignum"
Em um dado momento não era mais possível identificar o que era mais intenso: a escuridão diante dos olhos ou a onda maciça de ódio projetada pela criatura que os perseguia, cada vez mais próxima. O mundo pareceu ter acabado no momento que Marcus sentiu algo agarrando-lhe o calcanhar. O terror foi maior que qualquer vestígio de racionalidade, levando-o a emitir um grito de terror. Com um dos pés ele golpeou a mão invisível, libertando-se por alguns instantes. Tentou avançar mais rapidamente, mas foi novamente agarrado e puxado rumo ao abismo. A coisa era demasiadamente forte, mas não pesada, assim ficou pendurada em uma das pernas de Marcus enquanto este tentava agarrar-se como podia no patamar em que estava, usando os braços e a perna livre. Valdomiro se virou com dificuldade e tentou ajudar o amigo. Era difícil puxá-lo para cima, já que não podia ele mesmo ficar
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