sexta-feira, 19 de julho de 2013

Despertar

Um momento antes era tudo e ao mesmo tempo nada; Tudo, porque infinidade de sons, cores, possibilidades, narrativas fantásticas, autenticamente sonho; Nada, pois tudo que reconhecia como algo o era “para si”, mas a plenitude do si viria em seguida, na exata proporção que a plenitude do “Tudo” se desfazia. Um momento depois era “Eu”, nem tudo, nem nada, apenas reconhecimento do dado, também reconhecimento da ausência do “Tudo” de instantes atrás, ao mesmo tempo em que espanto pela mínima conjectura da possibilidade daquele “Nada” que havia sido.

Silêncio e escuridão recobriam as cores e sons característicos daquela existência que se esvaia, ao mesmo tempo em que ruídos outros suplantavam o silêncio e nuances outras manchavam as trevas. Um som repetitivo, incômodo, carregado de tristeza como se com ele viesse a certeza da morte de tudo, da morte do “Tudo” que se havia experimentando até aquele instante. Ao mesmo tempo as nuances luminosas simbolizavam algum resgate do “Eu”, invocando-o de volta à vida que abandonara quando mergulhou no Tudo/Nada/Sonho. Neste turbilhão de dados um despontar de consciência luta contra o que vem, agarra-se o que vai. Batalha terrível. Campanha inteira de Guerra vivida em poucos segundos. Derrota, enfim.

Abro os olhos, varrendo definitivamente qualquer vestígio do “Tudo”, retornando ao dado. Nuances luminosas que atravessavam minhas pálpebras cerradas agora rasgam o quarto, vindas de frestas na janela. Tateio as adjacências em busca do objeto ruidoso, calando-o com um toque. Frustrado confiro o “6:00” que autentica simultaneamente fim e começo; Um momento antes era tudo e ao mesmo tempo nada.

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