Um momento antes era tudo e
ao mesmo tempo nada; Tudo, porque infinidade de sons, cores, possibilidades,
narrativas fantásticas, autenticamente sonho; Nada, pois tudo que reconhecia
como algo o era “para si”, mas a plenitude do si viria em seguida, na exata
proporção que a plenitude do “Tudo” se desfazia. Um momento depois era “Eu”,
nem tudo, nem nada, apenas reconhecimento do dado, também reconhecimento da
ausência do “Tudo” de instantes atrás, ao mesmo tempo em que espanto pela
mínima conjectura da possibilidade daquele “Nada” que havia sido.
Silêncio e escuridão
recobriam as cores e sons característicos daquela existência que se esvaia, ao
mesmo tempo em que ruídos outros suplantavam o silêncio e nuances outras
manchavam as trevas. Um som repetitivo, incômodo, carregado de tristeza como se
com ele viesse a certeza da morte de tudo, da morte do “Tudo” que se havia experimentando
até aquele instante. Ao mesmo tempo as nuances luminosas simbolizavam algum
resgate do “Eu”, invocando-o de volta à vida que abandonara quando mergulhou no
Tudo/Nada/Sonho. Neste turbilhão de dados um despontar de consciência luta
contra o que vem, agarra-se o que vai. Batalha terrível. Campanha inteira de
Guerra vivida em poucos segundos. Derrota, enfim.
Abro os olhos, varrendo
definitivamente qualquer vestígio do “Tudo”, retornando ao dado. Nuances
luminosas que atravessavam minhas pálpebras cerradas agora rasgam o quarto,
vindas de frestas na janela. Tateio as adjacências em busca do objeto ruidoso, calando-o
com um toque. Frustrado confiro o “6:00” que autentica simultaneamente fim e
começo; Um momento antes era tudo e ao mesmo tempo nada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário