sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Garotos

Uma folha finíssima de papel, gravetos extraídos de bambu, “desfios” do algodão amalgamados em fio. Não havia nada na ponta inferior da linha. O garoto estava entre as nuvens. Voou e se aventurou, lutou bravamente como uma ave de rapina disputando a caça, como um caça em plena guerra, uma divindade alada supervisionando seus domínios.

Tiras de couro fixadas e unidas em uma composição hermética, a qual encerrava e compactava o ar, privando-lhe da liberdade natural, submetendo-o aos caprichos de pés juvenis. Não havia garotos, nem bola, nem várzea. Duas tropas digladiavam-se em conflitos de vida ou morte.
 Fogão novo em casa. Novos pratos, quem sabe? Mais saborosos? Não importa. A caixa era fonte de novas existências. Criatividade vibrante. Caverna, carro, casa, esconderijo, tanque de guerra, casco de tartaruga. “Onde está o meu garoto?” Perguntou o pai ao lado do objeto pardo que emitia baixas risadas.

Numa noite de sábado, homens sérios e respeitáveis deixaram para trás seus compromissos e se reuniram ao redor de uma mesa. Não havia contas, cobradores, patrões, trânsito, Praça da Sé. Ao redor do tabuleiro, garotos redescobriam a simplicidade da vida entre amigos. “Vladivostok com três exércitos!”

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