sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Regina (parte 2)

Se você ainda não leu a primeira parte, acesse Regina (parte 1)

      Eleanor conheceu Josh no mesmo momento em que viu uma viola pela primeira vez. Tinham sete anos quando aconteceu, oito anos antes desta bela tarde de sábado. O instrumento era emprestado da paróquia, mas ela cuidava amorosamente como sua segunda coisa mais preciosa. A primeira era a amizade de Josh.

      A moça não era romântica, não havia tempo para romantismo nos duros dias ajudando os pais a obter sustento; aprendera a ler com o pai, matemática com a mãe, harmonia com o Padre; ninguém lhe ensinou amor e não havia tempo para ler (nem dinheiro para obter) os românticos contos que circulavam entre outras moças e lhes provocavam fantasias e suspiros. Tudo que a mais dedicada e talentosa violista do condado sabia é que tinha muitos amigos e não pensava neles como pensava no promissor guardião do "Velhocelo Mackenzie". Josh tinha essa curiosa fantasia: enxergava-se com um tipo de cavaleiro antigo e velhocelho era uma espécie de espada sagrada com a qual ele deveria lutar contra todo o mal. A guerra santa de Josh seria a espada amarga no coração da Donzela.

      Aos sábados o sino da paróquia não chamava para missa, chamava para aula. Religiosamente às sete. Eleanor sempre chegava às seis e meia. Josh uma hora depois dela. Padre Paul desistiu de ralhar.

      "Para onde acha que estão no indo?"

      Perguntou o rapaz. A moça nem lembrava mais sobre o que conversavam.

      "Essas pessoas todas. Aquele senhor no banco. Tem uma meia furada pendendo do bolso. Consegue ver? Ele tem alguém que costure pra ele? Será que sabe costurar?

      E aquela senhora varrendo a praça.  

      Veja essas pessoas solitárias.

      Mas agora chega. Vamos ensaiar. Amanhã tem casamento!"

      Como se o menino tivesse um relógio na mente, assim que terminou de falar padre Paul começou a tocar o sinete que anunciava o término da pausa para o almoço.

Continua em Regina (parte 3)

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