Para entender o motivo da Verborragia clique aqui (Por favor Participe! É grátis e fará um [pseudo]autor muito feliz!). A palavra de hoje é "Folha".
Luz!
Espiando pela janela notou, apaixonado, o deslumbrante laranja do poente incendiando todos os contornos do horizonte. Fogo no Céu! Gelo no coração!
Corpo imóvel; Um suave movimento dos olhos e o foco era das folhas secas das árvores de outono voando ao sabor do vento; a alma, porém, insípida.
Outro movimento do olhar e agora era a folha branca de papel que dominava sua visão;
Gostava de alimentar o hábito peculiar de escrever em papel; de tempos em tempos transcrevia para o computador, desligado nos hiatos.
Outro movimento do olhar e o Sol já havia sumido, como sumira a inspiração; o fogo estava instinto; uma pálida mancha rosada lutava inutilmente para conter o anoitecer.
No quintal, possuído pela penumbra, já não se podia mais assistir o voo das folhas; só o som do vento garantia a certeza de que ainda dançavam.
Mãos postadas sobre a mesa, uma segurando a folha branca, outra a "pena"; no peito um "Agora vai!".
Não foi.
A noite sem luar também fora despida de estrelas; céu rapidamente encoberto por nuvens quase instantaneamente trazidas por um vento sul.
O farfalhar não parava.
Abriu a janela. Queria sentir mais que ouvir.
O vento trouxe folhas secas de árvores para sua mesa e levou sua folha de papel para outro canto do quarto.
No coração a pena a cumprir: Ausência. Saudade. Silêncio.
Limpou a mesa e recuperou o papel; "Pena" na mão; pena de si; solidão.
O vento trouxe alento; no tempo, algum cimento;
Reboco de ideias, quiçá prosopopeias.
A folha gritou; o traço soou; a pena gritou;
Ai de mim que nunca rimei, só o vento sabe em que me tornei;
Folhas voam, palavras ecoam, ventos ressoam;
Furo nas nuvens mostrou uma estrela;
Muro na mente tornou-se esteira;
Ideia até então presa agora era rio sobre a mesa;
Folha voa; bolha estoura; vida soa;
Reverbera no espírito;
O verbo novamente amigo;
Céu preenchido de nuvens;
Folha repleta de lúmens;
Luz!
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