sexta-feira, 12 de agosto de 2022

#Verborragia: Celeiro

A palavra de hoje é #Celeiro

Celeiro repleto ou vazio, vejo que estou em empasse,

Talvez se encerre o estio, nada que entusiasmasse.


Se leio com carinho o verso, até que encontro uma rima,

Mas eu, cabisbaixo, confesso, não sei se isso me anima.


Semeio com enxada o texto, não é por aqui que eu sigo?

Ao ato não sei se me  presto! não é certo se ainda consigo.


"Sereio" me torno, híbrido; na ilusão do "ainda existo!"

Meio humano, fração de Hesíodo, na corrente que não desisto.


Verei o meio, quiçá o fim, talvez resulte que goste,

Mas se agora faltou palavra, ai de mim, tornei-me igual um poste.


Meneio com força a mente; o verso quer ser cilada,

Caminho como indigente, mendigo uma cartada.


Sereno curto o silêncio, palavras a abrigar;

O solo não quer ser ócio, o verso quer germinar.


Veraneio é uma lembrança, é frio que aqui governa,

Mas o tempo, tal qual criança, não é pra sempre que inverna.


Nomeio os sentimentos, signos a garimpar,

Palavras são pavimentos, não sei onde vão chegar.


No meio dos turbilhões, não posso esquecer sementes,

Uma, duas, milhões, finda o tempo dormentes.


Celeiro para estoca-los, sementes, frutos e rimas,

Recuso-me a tranca-los, de livre viver são minas.


No meio em que me encontro, voltar já é prosseguir

Parece que neste ponto, destino sei possuir.


Nomeio frações e verbos,  sentido, não sei notar.

Relembro, são universos; sentindo é que vão vingar.


Veraneio que se aproxima, o sol retornando, amigo.

Não sei métrica ou rima, no texto feliz me abrigo.


Sereno da manhã fria, agora é só lembrança.

Pássaros cantam alegria, e eu parto já pra andança.


Meneio olhos pros lados, prazer em tudo fitar.

Pareço não ter mais fardos, a vida pra desfrutar.


Verei o sol a se por. Beleza antiga, amada.

Me causa até torpor, explodo como granada.


"Sereio" não é tritão? Confuso, mas sem rodeio.

No verso há posição! Sou eu quem tudo nomeio.


Semeio? Não! Terminei! A cada tempo respeito.

Aos frutos já me voltei, retorno tranquilo ao leito.


Se leio o que nasceu, "quê" de desastre, "quê" de beleza;

Me alegro, não pereceu,  imperfeições são leveza.


Celeiro pleno, completo. Papel feliz, preenchido.

Coração que está desperto; é o que eu havia pedido.

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