O Pêndulo

E eis que Hermes falou comigo

Decidiu fazer-me alquimista

Mais que mestre, tornou-se amigo

E tornou clara a minha vista

"Imagine o movimento pendular"

Disse ele, a me instruir

"ida e vinda a perdurar

Entre polos, nosso existir"

"Desenha, risca, traça na areia

Veja o caminho, reflete nisso

Geometria, eis a maneira

E eis que o pêndulo traça um sorriso"

"Um semicírculo, eis sua vida

Esse trajeto, balanço eterno

Fora das pontas, eis sua lida

Parte comum, verão, inverno"

"Mas lá nas pontas, chamemos 'polos'

Um é feliz, outro, tormento

Regra da vida, ordem do 'Logos'

Compreende, vê, eu não lamento"

"Percentual? Noventa e oito

Isso é a vida, sorriso aberto

E o que resta? Um cá, um outro

Sobre estes dois, torna-te esperto"

"É um mergulho, Se vais ao polo

Deleite em um, no outro sombras

Reflete então, põe nisso dolo 

E nunca mais, de mim tu zombas"

"Cuida então, e não se afogue

Mais que alquimista, sê nadador

Mergulha fundo, vai lá, se jogue

Pega o tesouro, é promissor"

"Em cada polo, há prêmio belo

Mergulha, apanha, e volta logo

Visita o fundo, mas não faz elo

Tenha atenção, respeite o fôlego."

 Dedico esse Poema-Reflexão à Colorine, cujos ricos diálogos sempre me inspiram e ensinam. Eu agradeço!