Se você ainda não leu a primeira parte, acesse Regina (parte 1)
Eleanor não tinha nenhum desejo especial pelo matrimônio. Não tinha as expectativas das outras meninas; o que a encantava era o brilho nos olhos de alguns casais. A maioria chorava, boa parte fingindo, só porque "todo mundo chora". Mas na parte dos rostos sem lágrimas havia uma luz única; da luz nos olhos a menina tentava deduzir o amor, nunca explicado em casa, distorcido na igreja com uma ideia de que quem ama morre pelo outro. O encanto do casamento sempre morria na decepção da saída da igreja. A menina pobre ficava com o coração despedaçado vendo tanta comida boa sendo jogada fora; o arroz projetado sobre os casais. Com a mãe aprendeu que era para dar sorte, mas se ter comida era fruto da sorte, como jogá-la fora poderia trazer sorte? Não era aquilo, justamente, uma ofensa à sorte?
Domingo, missa, casamento, jantar, "Boa noite", nova semana. Via de regra o sábado era o dia mais alegre e aguardado; o domingo era uma confusa mistura de sentimentos, dada a alegria da música associada à certeza da aproximação da semana; a segunda-feira e tudo que vinha depois era um mar de cinza, monótono e cansativo. De segunda à sexta acordava cedo para ajudar a mãe em suas tarefas, as quais consistiam em limpar a casa, alimentar os irmãos e lavar ou costurar roupas de outras famílias para obter alguns trocados; depois do almoço, mais labuta; após o jantar, aulas de leitura com o pai, matemática e etiqueta com a mãe. A família era pobre, mas não ignorante. Tanto o Alice quanto Timothy Rigby vinham de famílias originalmente nobres; títulos e propriedades haviam sido perdidos gerações atrás, em épocas de guerra, mas o zelo pela boa educação nunca foi esquecido.
Continua em Regina (parte 4)
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