Uma suave garoa caia sobre o imóvel observador que, do alto do prédio, imaginava o poente que as nuvens tornavam invisível.
A água era muito bem-vinda, sobretudo em um fim de tarde quente como aquele.
Uma suave garoa caia sobre o imóvel observador que, do alto do prédio, imaginava o poente que as nuvens tornavam invisível.
A água era muito bem-vinda, sobretudo em um fim de tarde quente como aquele.
Eu não tenho mais motivo para temer a segunda
Bem como ânsia da sexta não mais me consome
Ainda assim o apego ao domingo me inunda
Vontade de um dia eterno não some
Se você ainda não leu a primeira parte, acesse Regina (parte 1)
…o mesmo padrão de sempre: alguns erros, perfeitamente perdoáveis, dos alunos mais novos, e exatidão técnica de Eleanor e Josh. Frustrava a não repetição da onda de sentimentos dos dois últimos ensaios. O que acontecia no sábado que faltava no domingo?
"Não acredito!"
Havia tristeza e revolta na voz.
"O que aconteceu?"
"A corrente da minha avó se rompeu!"
"Aquela corrente?"
"É!"
Depois disso, lágrimas.
Abaixo de um céu despido de nuvem
Um tolo acanhado, busca inspiração
Estrelas o miram, curiosas o ouvem
E ele está mudo, sem verso ou canção
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"Você não pode ter esquecido. O dia que ele falou que todos nós nascemos para ser amados. Até Jesus precisava ser amado, por isso Deus escolheu o amor puro de Maria."
A confusão no olhar da menina deixou evidente que o discurso não a tocara como fez com ele, tendo a mensagem se perdido no esquecimento.
"Todos nós nascemos para ser amados. Mas e essas pessoas sem ninguém para amá-las?"
Eleanor não lembrava da pregação mas compreendeu o caminho da mente de Josh.
"Elas tem Deus, não? Ele ama todo mundo."
Josh não parecia satisfeito. Ela percebeu.
"Eu ainda não sei o que você quer que eu veja."
Ele sorriu.
"Acho que Deus nos ama através das pessoas. Se não, pra quê tudo isso? Para quê tocamos? E qual a função do padre? E de Maria? Acho que Deus quer que a gente ame as pessoas por Ele."
Ela pareceu adivinhar o desfecho daquele raciocínio e ficou perturbada. Ele amaria a todos igualmente e nunca uma pessoa em especial.
A música daquele sábado foi uma tortura para o padre. Ele realmente alimentou a esperança de ouvir um novo milagre, mas só havia "discussão". Era como se os dois instrumentos, ou melhor, seus operadores, estivessem prolongando o debate na música; não havia hostilidade; não era um conflito; era, realmente, um diálogo fervoroso e diálogos não são coisas harmônicas. Dialética convertida em nuances tonais, mas a síntese parecia nunca chegar. Só na última estrofe, como que por encantado, músicos e instrumentos pareciam finalmente alinhados, acertamos, conectados, de tal forma que as últimas notas não foram mais de dois instrumentos, mas sim um único acorde maravilhoso de um instrumento desconhecido. Eis, novamente, o milagre ansiado pelo Pe. L'Nom.
O padre estava perplexo. As músicas do domingo eram bem executadas; ocorriam com …
Continua…
"Sim! me leva para sempre Beatriz"
Dizia o poeta na canção
E a saudade alerta, chamariz
"Não há mais quem segure tua mão"
Não estava frio, mas chovia. Lhe agradava ver a noite da cidade preenchida de todas as cores das luzes artificiais: dos carros, semáforos, bares.
Era a primeira vez que se permitia assumir que a beleza artificial também lhe encantava, embora não fosse a primeira vez que encantava.