sábado, 23 de novembro de 2024

Regina (parte 6)

  Se você ainda não leu a primeira parte, acesse Regina (parte 1)

…o mesmo padrão de sempre: alguns erros, perfeitamente perdoáveis, dos alunos mais novos, e exatidão técnica de Eleanor e Josh. Frustrava a não repetição da onda de sentimentos dos dois últimos ensaios. O que acontecia no sábado que faltava no domingo?

"Explica-me, Senhor! Se me confiantes a instrução destes pequenos, mostra-me como fazê-lo da melhor forma possível!"

Terça-feira foi um dia atípico: um volume maior de "trabalhos" na segunda foi sucedido por uma série de vizinhos dizendo "para hoje não precisamos de nada.". Via de regra, na ausência de trabalho nas adjacências, saíam para outras áreas em busca do que fazer. Excepcionalmente naquele dia Alice disse "Filha. Se dê um momento de folga. Vá passear por aí."

Eleanor não sabia o que fazer. "Folga" não fazia parte de sua vida. Decidiu caminhar em direção à igreja. Sentou-se no gramado no qual costumava ficar ao lado de Josh e observou o mundo. Percebeu-se pensando sobre como os dias eram; os finais de semana costumavam ser muito distintos dos tais "dias úteis", mas quando teve a oportunidade de sentar e observar, notou o mesmo carinho da brisa, o mesmo abraço do sol, a mesma poesia alegre do domingo.

"Talvez Deus não saiba o que são dias úteis. Talvez todos os dias sejam domingos, mas a gente bagunça a maior parte deles com nossa rotina caótica."

Eleanor se assustou. A reflexão quase poética sobre terças e domingos foi proferida por Josh com a naturalidade de quem diz "Vai chover!".

"Olá!" pronunciado muito mais longo do que o pretendido, deixando evidente a alegria que ela queria esconder. "O que você disse?"

"Eu vi você observando as pessoas. Seu olhar era o mesmo de nossas pausas no sábado ou do final da missa no domingo. Por um segundo eu me senti em um domingo."

Continua …

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