Não estava frio, mas chovia. Lhe agradava ver a noite da cidade preenchida de todas as cores das luzes artificiais: dos carros, semáforos, bares.
Era a primeira vez que se permitia assumir que a beleza artificial também lhe encantava, embora não fosse a primeira vez que encantava.
Quando chovia achava ainda mais belo. As cores se embaralhavam de uma forma quase irreal, e ele assistia tudo fascinado.
A experiência foi completada pelo aplicativo de músicas que, sempre com a função aleatória ativa, foi logo enchendo o espírito com "Echo Sax No.4"¹. O mundo era perfeito ali, naquele momento.
Não havia preocupações, dívidas, fome, nem saudade. Só havia momento. Era como se dançasse com a vida, ou se sobrevoasse um campo tranquilo, com uma brisa quente ascendente sustentando suas asas, ao ainda como se estivesse a boiar em um mar tranquilo, sem ondas, água agradável, olhar mirando o céu. Tudo isso em uma canção, e na chuva, e nas luzes.
Agora, mergulhemos em um paradoxo! De fato, um abismo, destes nos quais é possível cair infinitamente, sem nunca alcançar o termo.
Você sabe o que é paradoxo?
Estava frio, muito frio, mas o ar estava seco. Havia um quê de incomodo no cinza monótono do meio dia na cidade: dos prédios, do asfalto, calçadas.
Era a última vez que se entregava ao horror da artificialidade da vida em sociedade, ainda que não fosse a última vez que aqueles padrões o incomodavam.
Quando o clima estava seco sofria mais. Era tudo cinza, tudo cinza, tudo cinza.
A experiência foi completada pelo aplicativo de músicas que, sempre com a função aleatória ativa, foi logo enchendo o espírito com "Echo Sax No.4"². O mundo era caótico ali, naquele momento.
Havia uma agonia, saudade, tristeza, um aperto inexplicável no coração. Uma eternidade de pesar. Era como se caminhasse em brasa viva, ou estivesse em queda livre em direção a um termo assustador e incalculável, ou ainda como seu um mar revolto lhe esgotasse as forças e o fôlego. Tudo isso no tórrido calor daquela tarde, e na canção, e no cinza.
Agora, mergulhemos em um paradoxo! De fato, um abismo, destes nos quais é possível cair infinitamente, sem nunca alcançar o termo.
Você sabe o que é paradoxo?
Não estava frio, mas chovia. Lhe agradava ver a noite da cidade preenchida de todas as cores das luzes artificiais: dos carros…
Notas:
1. Música instrumental de Caleb Arredondo
2. Música instrumental de Caleb Arredondo
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