Boneca de pano, o que deu pra comprar
Mas era um mundo, alguém para amar
Agora no canto, a dona a rejeita
Menina cresceu e a vida aproveita
Boneca de pano no canto lamenta
Saudade dos risos e do chá de menta
Que a amiga fazia, coisas da imaginação
E agora, tristonha, aperto no coração
"Boneca de pano, o que te chateia?"
Pergunta outro ente, soldado ladeia
"Não sou mais amada. Em breve sou lixo
Não sou nem lembrada, o nada é meu nicho."
"Não fales assim, isso não é resposta
E mesmo crescida, a menina te gosta
Tem muito a viver, é natural, caminho
Mas por onde vai, te leva, carinho!"
"Se é como dizes, que faço assim?
Perdida, sozinha, poeira em mim"
"Não estás perdida, o quarto é teu lar
Tampouco sozinha, vem! Vamos dançar!"
E só então a boneca notou
Parecia mágica, o quarto mudou
Havia luz, vida, alegria, risada
Uma multidão que dançava agitada
"De onde saíram, soldado amigo?"
"Cá sempre estiverem, aqui é abrigo
Não era no quarto que morava a escuridão
Te turvava os olhos a tristeza no coração "
"Boneca de pano, torna-te atenta
Há vida em tudo, então não lamenta
A luz se instalou, há novo caminho
Passado, futuro, e no meio carinho."
"Boneca de pano, não estais sozinha
Olhai ao redor, amigos, vizinha
Aqui tua família, vem logo brincar
Todo um novo mundo já vamos explorar!"
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