Primeiro era tudo escuro, um breu, silêncio sem fim
E como não havia tempo, não se sabe por quanto, assim
Depois um primeiro som, estrondo como um trovão
Embora não houvesse ar, do áudio a condução
Entenda que o movimento, aquela agitação
Colocava a existência em curso, e tudo era vibração
O som, que era presumido, notória especulação
Expressa mais um estado, que uma percepção
Primeiro veio o estrondo, e junto o dilatação
Mas tudo foi simultâneo, portanto, não há fração
Não existiu o segundo, em ordem ou temporal
E tudo era um só momento, primeiro, fenomenal
E tudo o que se movia, fugindo de um tal centro
Em parte se atraía, namoro sem sofrimento
Formavam comunidades, de partes elementares
E logo seriam gases, estrelas, quiçá quasares
Primeiro veio a poeira, e rocha, e constelação
E conforme se juntava, a matéria era criação
E fogo, e lava, e chuva, bagunça tamanha, incrível
Queria que você visse, é coisa indescritível
Conforme tudo esfriava, os mares, berços da vida
Dançavam sozinhos, livres, o ciclo d'água incontida
Talvez um deus caridoso, apareça para explicar
Qual a razão dessa história, e tudo simplificar
Primeiro um elemento, complexidade a crescer
E num instante de Brahma, um humano a nascer
Quem poderia narrar, o que virá em seguida?
Primeiro há de achar, qual é o sentido da vida
Primeiro uma pergunta, seguindo qualquer resposta
Mas cada resposta é erro, incompleta assim que mostra
Mas não quero desistir, navego na incompletude
E sei que não estou sozinho, a busca é uma virtude
Seguimos, todos unidos, primeiros nesta jornada
Que ocorre desde sempre, mas sem ela não há nada
Responderá o meu filho, a pergunta dos meus pais
No ciclo a renovar, a história que aqui se faz
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