terça-feira, 1 de agosto de 2023

Primeiro

 Primeiro era tudo escuro, um breu, silêncio sem fim

E como não havia tempo, não se sabe por quanto, assim

Depois um primeiro som, estrondo como um trovão

Embora não houvesse ar, do áudio a condução


Entenda que o movimento, aquela agitação

Colocava a existência em curso, e tudo era vibração

O som, que era presumido, notória especulação

Expressa mais um estado, que uma percepção


Primeiro veio o estrondo, e junto o dilatação

Mas tudo foi simultâneo, portanto, não há fração

Não existiu o segundo, em ordem ou temporal

E tudo era um só momento, primeiro, fenomenal


E tudo o que se movia, fugindo de um tal centro

Em parte se atraía, namoro sem sofrimento

Formavam comunidades, de partes elementares

E logo seriam gases, estrelas, quiçá quasares


Primeiro veio a poeira, e rocha, e constelação

E conforme se juntava, a matéria era criação

E fogo, e lava, e chuva, bagunça tamanha, incrível

Queria que você visse, é coisa indescritível 


Conforme tudo esfriava, os mares, berços da vida

Dançavam sozinhos, livres, o ciclo d'água incontida

Talvez um deus caridoso, apareça para explicar

Qual a razão dessa história, e tudo simplificar


Primeiro um elemento, complexidade a crescer

E num instante de Brahma, um humano a nascer

Quem poderia narrar, o que virá em seguida?

Primeiro há de achar, qual é o sentido da vida


Primeiro uma pergunta, seguindo qualquer resposta

Mas cada resposta é erro, incompleta assim que mostra

Mas não quero desistir, navego na incompletude

E sei que não estou sozinho, a busca é uma virtude


Seguimos, todos unidos, primeiros nesta jornada

Que ocorre desde sempre, mas sem ela não há nada

Responderá o meu filho, a pergunta dos meus pais 

No ciclo a renovar, a história que aqui se faz

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