Temendo que não apenas vento viesse daquela vez, aventuraram-se para além
do parapeito da muralha, encontrando um ponto de declive bastante acentuado,
mas no qual foram capazes de se manter em nível inferior ao da estrada.
Aguardaram alguns minutos. Nenhum ruído se produziu. Sem visão do oceano não
foram capazes de assistir o vento se anunciando no horizonte azul, mas ele não
tardou em chegar. Com a mesma força das demais ocasiões, soprou ruidoso sobre
suas cabeças, levando violentamente ondas de névoa. Soprava com força, mas não
trazia qualquer objeto, corpo ou criatura. O vento soprou para o distante Oeste
toda a névoa, devolvendo ao mundo o céu azul e a luz imponente do Sol.
Subiram e deleitaram-se com o mundo, triste e vazio, mas não desprovido de alguma beleza. Olhando à frente, conferiram que a perturbação que os atraíra continuava lá, ainda muito distante. Beberam um pouco de água e procuraram por comida, mas desta vez Valdomiro não conseguiu encontrar qualquer sinal de vida na água. Marcus se perguntou se não teriam os peixes sido levados pelos visitantes da noite anterior, mas preferiu não comentar com o amigo, para não minar-lhe as esperanças.
Subiram e deleitaram-se com o mundo, triste e vazio, mas não desprovido de alguma beleza. Olhando à frente, conferiram que a perturbação que os atraíra continuava lá, ainda muito distante. Beberam um pouco de água e procuraram por comida, mas desta vez Valdomiro não conseguiu encontrar qualquer sinal de vida na água. Marcus se perguntou se não teriam os peixes sido levados pelos visitantes da noite anterior, mas preferiu não comentar com o amigo, para não minar-lhe as esperanças.
- Tentamos de novo mais tarde. O vento deve tê-los espantando.
Valdomiro deu um sorriso amarelo, saiu da água e seguiu viagem. Pouco
mais à frente, Marcus pisou sobre uma marca no chão, mas passou sem percebê-la.
Não fosse o olhar atento do guardião, jamais teriam visto aquele curioso sinal.
Era nitidamente uma seta riscada na rocha.
- Não estamos sozinhos! Exclamou o esperançoso Marcus
- Mas quem teria feito isto? E por que? Resmungou o precavido Guardião!
- Isto importa?
- Claro! Não sabemos que tipo de gente pode ter aqui! Isto parece um
convite, mas pra que?
- Não sei! Não temos escolha a não ser continuar e tentar descobrir!
Continuaram andando, agora com atenção ao chão. De tempos em tempos uma
nova seta aparecia, mas nada parecia mudar no caminho a frente. Nenhum sinal do
criador dos sinais a não ser os próprios sinais! Por volta das três horas da
tarde, Valdomiro fez uma nova incursão na água, mas novamente nada encontrou.
- Rapaz, isto tá começando a preocupar!
- Fique tranquilo, não vamos morrer na praia!
Valdomiro riu, indicando com as mãos que tudo ali era praia. Os sinais
começaram a ficar mais nítidos, dando a impressão que a partir daquele ponto
eram visitados e renovados, mas ainda nada do “seteiro”, como Valdomiro chamava
o criador dos sinais. Marcus se deu conta de algumas nuvens sobre o mar.
Montanhas brancas aparentemente imóveis lá no extremo Leste. Valdomiro explicou
que às vezes apareciam, mas jamais chegou a chover, uma vez que desapareciam
com o vendaval do meio dia.
Continua em #Vazio - A Fome das Sombras (4)
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