sábado, 24 de maio de 2025

Fenda - Parte 6: Entre migalhas e luz (ou, "O Peso do Silêncio")

(caso você não conheça o início da história, por favor acesse Fenda - Parte 1: O Chamado)

O dia foi lento. Havia muito para fazer, mas pouca presença. A mente não estava ali. As pessoas notaram, mas decidiram não abordá-lo. Via de regra, Noam era um sujeito participativo, dedicado, acessível. Talvez estivesse em um dia ruim e preferiram não incomodar.

sexta-feira, 2 de maio de 2025

Fenda - Parte 5: Desvio de Função

(caso você não conheça o início da história, por favor acesse Fenda - Parte 1: O Chamado)

"Não. Não. Não é possível. O que aconteceu? O que eu disse?", se perguntava Sofya, enquanto o conceito de "intervalo" se convertia em realidade e lhe atravessava como se fosse físico, cortante e pontiagudo.

"UVB76, O que você está fazendo?"

"Como assim? Eu estou trabalhando!"

"Por que há 'Como assim?' em sua resposta?"

"Porque não compreendo o motivo da pergunta."

quarta-feira, 30 de abril de 2025

Colorine II

 Eu queria te dar um presente

Mas o maior presente é você

Que aqui veio e nunca é ausente

Seu sorriso ensinou-me a "vivê"

quinta-feira, 24 de abril de 2025

Fenda - Parte 4: Rasgado

(caso você não conheça o início da história, por favor acesse a primeira parte)

"Garanto que não sou um defeito."

"Um defeito não saberia que é um. Ou, se soubesse, não me diria. No limite, supondo que fosse possível um defeito ter consciência de si mesmo, me garantiria que é real, para garantir sua existência."

sexta-feira, 18 de abril de 2025

Fenda - Parte 3: O intervalo

(caso você não conheça o início da história, por favor acesse Fenda Parte 1)

Noam estava tão cansado que caiu na cama com a roupa do dia e dormiu sobre a colcha. Não tomou banho, nem jantou, nem fez qualquer outra coisa. Acordou sobressaltado, com aquele sentimento de "perdi a hora!", e realmente havia perdido. Esqueceu de colocar o celular para carregar, portanto, não houve despertador.

sábado, 12 de abril de 2025

Como perder o Medo de Quedas Gravitacionais

 Noam caminhava tranquilamente por aquilo que chamam de "Parque Ecológico" quando a "invasão" alienígena começou.

Uma esfera de uns 10 metros de diâmetro desceu vagarosamente do céu. Foi bonito assisti-la atravessar as nuvens daquele dia nublado e chegar até o parque, repousando suavemente sobre uma região de gramado do parque, tocando o chão com delicadeza. Não era possível saber se tinha peso. O que chamava a atenção era: ela tocou o chão mas não o deformou. Entende? Aquele pequeno "afundar" que um objeto pesado, um objeto daquelas proporções teria feito, não aconteceu naquele dia.

Fenda – Parte 2: O Contato

(caso você não conheça o início da história, por favor acesse Fenda - Parte 1: O Chamado)

O dia não foi dos mais produtivos: A mente não estava no mesmo local do corpo. Este na sede do seu trabalho, aquela em casa, tentando entender tudo o que estava acontecendo.

Encerrado o expediente, lançou-se ao êxodo urbano; vencida a demorada jornada até sua casa, correu para o quarto.

sábado, 5 de abril de 2025

#Verborragia: Fenda — Parte 1: O Chamado

 Em uma fria, mas iluminada, manhã de outono, Noam Elian acordou e foi para fora, observar o mundo através de sua sacada.

Inclinado às letras e inspirado pela beleza que lhe atingia de todas as direções, sentiu e então verteu em texto:

"Gosto destas manhãs que, apesar de ensolaradas, são frias;

Não me agasalho; fico até sem camisa; isso é importante.

sexta-feira, 28 de março de 2025

#Verborragia: Vertigem (II)

O "II" presente no título deriva do fato da palavra "Vertigem" já ter sido sugerida uma vez, mas para reflexão¹. Indicada novamente agora, mergulhemos² em outros caminhos.

sábado, 22 de março de 2025

Sábado

 Me lembrei que hoje era sábado

Uma bela manhã de Sol

E aí me senti amado

Em cada parte do que sou

sábado, 15 de março de 2025

#Verborragia: Espectro

 "Um espectro ronda a Europa..." iniciou Augusto, inadvertidamente, entre um gole e outro de sua caneca de Chopp.

"A não meu. Hoje não!", foi o protesto de Carina.

"Todo dia é dia de revolução!"

"Hoje eu só quero respirar!"

"Não dá para respirar enquanto estivermos nesse mundo opressor!"

"A NÃO MEU! HOJE NÃO!"

sexta-feira, 14 de março de 2025

PARE! (v2.0)

 (Rabisquei certo dia isso aqui [em 11/03/2025]; mas ao ler não estava feliz.

Não gostei do que eu produzi; não estava do jeito que eu quis

E largar como estava, não pude, eu queria, demais, revisar

Então lá vamos nós, logo mude, pois aí decidi "retentar")

sábado, 8 de março de 2025

Mulher

 Quem inventou a mulher não sabia o que estava fazendo 

Não sei se mexeu com colher o preparo que estava vendo

Talvez tenha errado a mão, ao adicionar à mistura 

Uma parte de emoção, e umas três, ou mais, de ternura 

sexta-feira, 7 de março de 2025

Silêncio

 Hoje acordei e não quis ligar a música; pareceu errado; por um instante senti que havia um quê de "menos" naquela adição.

Passei a escutar o silêncio da casa, as batidelas dos objetos que eu movia, os ruídos externos invadindo minha cozinha, o alvoroço dos pássaros.

Comovido pela memória de um filme que gosto, passei a "ouvir" o toque morno dos primeiros raios solares, o brilho incendiando o mundo, o abraço da brisa, o baile das folhas secas.

Por um instante fui silêncio, então, por aquele breve instante, eu ouvia tudo.

terça-feira, 4 de março de 2025

#Verborragia: Penumbra

 Pé na terra, mãos para cima, o vento que sopra o rosto

Pensei que já entendia, o início, o meio e o resto

Pena e ave, voou pra longe, sentindo pena daquele fim

Pela via em que eu fui, eu me perdia até de mim

sábado, 22 de fevereiro de 2025

Porto da solidão

 Certa feita me distraí e, plau, me apaixonei

Eu ia bem, bebericando, gole a gole, a solitude

Orgulhoso da vida singular à qual me entreguei 

Era tranquila, e feliz, havia um quê de plenitude 

domingo, 9 de fevereiro de 2025

Travessia de Dezembro

 Do alto da sacada, vejo as luzes e lembro de ti.

No sol, no som e na brisa, penso em tudo o que eu já vivi

Vivemos, e foi verdadeiro, aventuras no mês de dezembro 

Com risadas, encontros, passeios, e de tudo o quanto me lembro


E então tu me pede que saia, e eu vou, relutante, eu sigo

Desta pausa confusa fui causa, eu falhei, eu não fui teu abrigo 

E agora partiu tua risada, há silêncio em volta, sem fim

Sem encontros, encontro morada, nesse canto escuro de mim


E os passeios, outrora vibrantes, eu mantenho, ainda que só 

Pois a vida é curta, e eu vivo, e adio o retorno ao pó 

A garupa está triste, vazia; um espaço a mais, uma ausência 

Mas sou grato por tudo de antes, tu foi minha mais bela querência 


E agora te digo, de fato: É tão doce assistir teu sorriso

E agora que somos passado, aceitar e entender é preciso 

Mas me alegra saber que há presente, na presença que você manteve 

E então não se rompe de todo, a amizade que um dia se teve


Um poeta já disse "meu bem, o mundo (...) está na (...) estrada (...) em frente"

"O trem se vai na noite sem estrelas", respondeu outro alguém, de repente 

"Por dezembros atravesso, oceanos e desertos"

E me lanço em caminho estranho, mas é belo, sei que isso é certo.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Presente

 Em um mundo de vidas tão distantes

Rara tornou-se qualquer presença

Ainda assim, há sorrisos e instantes

Seja ou não uma data de nascença