sábado, 8 de março de 2025

Mulher

 Quem inventou a mulher não sabia o que estava fazendo 

Não sei se mexeu com colher o preparo que estava vendo

Talvez tenha errado a mão, ao adicionar à mistura 

Uma parte de emoção, e umas três, ou mais, de ternura 

sexta-feira, 7 de março de 2025

Silêncio

 Hoje acordei e não quis ligar a música; pareceu errado; por um instante senti que havia um quê de "menos" naquela adição.

Passei a escutar o silêncio da casa, as batidelas dos objetos que eu movia, os ruídos externos invadindo minha cozinha, o alvoroço dos pássaros.

Comovido pela memória de um filme que gosto, passei a "ouvir" o toque morno dos primeiros raios solares, o brilho incendiando o mundo, o abraço da brisa, o baile das folhas secas.

Por um instante fui silêncio, então, por aquele breve instante, eu ouvia tudo.

terça-feira, 4 de março de 2025

#Verborragia: Penumbra

 Pé na terra, mãos para cima, o vento que sopra o rosto

Pensei que já entendia, o início, o meio e o resto

Pena e ave, voou pra longe, sentindo pena daquele fim

Pela via em que eu fui, eu me perdia até de mim

sábado, 22 de fevereiro de 2025

Porto da solidão

 Certa feita me distraí e, plau, me apaixonei

Eu ia bem, bebericando, gole a gole, a solitude

Orgulhoso da vida singular à qual me entreguei 

Era tranquila, e feliz, havia um quê de plenitude 

domingo, 9 de fevereiro de 2025

Travessia de Dezembro

 Do alto da sacada, vejo as luzes e lembro de ti.

No sol, no som e na brisa, penso em tudo o que eu já vivi

Vivemos, e foi verdadeiro, aventuras no mês de dezembro 

Com risadas, encontros, passeios, e de tudo o quanto me lembro


E então tu me pede que saia, e eu vou, relutante, eu sigo

Desta pausa confusa fui causa, eu falhei, eu não fui teu abrigo 

E agora partiu tua risada, há silêncio em volta, sem fim

Sem encontros, encontro morada, nesse canto escuro de mim


E os passeios, outrora vibrantes, eu mantenho, ainda que só 

Pois a vida é curta, e eu vivo, e adio o retorno ao pó 

A garupa está triste, vazia; um espaço a mais, uma ausência 

Mas sou grato por tudo de antes, tu foi minha mais bela querência 


E agora te digo, de fato: É tão doce assistir teu sorriso

E agora que somos passado, aceitar e entender é preciso 

Mas me alegra saber que há presente, na presença que você manteve 

E então não se rompe de todo, a amizade que um dia se teve


Um poeta já disse "meu bem, o mundo (...) está na (...) estrada (...) em frente"

"O trem se vai na noite sem estrelas", respondeu outro alguém, de repente 

"Por dezembros atravesso, oceanos e desertos"

E me lanço em caminho estranho, mas é belo, sei que isso é certo.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Presente

 Em um mundo de vidas tão distantes

Rara tornou-se qualquer presença

Ainda assim, há sorrisos e instantes

Seja ou não uma data de nascença