E se fosse possível trocar?
Esse destino e o modo de olhar?
Então, num passo, transformo o todo?
Desse arvoredo o galho eu não podo
E se fosse possível trocar?
Esse destino e o modo de olhar?
Então, num passo, transformo o todo?
Desse arvoredo o galho eu não podo
Isso aqui me veio à mente pronto, com melodia e tudo, enquanto eu estava de moto na rua, no inicio da madrugada de 21/12/2024:
Conexões são coisas raras
Tal qual ouro, ou até mais
Não são feitas com aparas
Nem com cola, aliás
Não vivemos numa fórmula
A ordem dos fatores importa
Não és vela, folha, flâmula
Não há vento que te exporta
Hoje eu escrevo sobre ti
Amanhã talvez tu me entendas
Depois de tudo o que eu vivi
Já começo a despir-me das vendas
A verdade é que me apaixonei
Há certeza que tu me encantastes
Uma suave garoa caia sobre o imóvel observador que, do alto do prédio, imaginava o poente que as nuvens tornavam invisível.
A água era muito bem-vinda, sobretudo em um fim de tarde quente como aquele.
Eu não tenho mais motivo para temer a segunda
Bem como ânsia da sexta não mais me consome
Ainda assim o apego ao domingo me inunda
Vontade de um dia eterno não some
Se você ainda não leu a primeira parte, acesse Regina (parte 1)
…o mesmo padrão de sempre: alguns erros, perfeitamente perdoáveis, dos alunos mais novos, e exatidão técnica de Eleanor e Josh. Frustrava a não repetição da onda de sentimentos dos dois últimos ensaios. O que acontecia no sábado que faltava no domingo?
"Não acredito!"
Havia tristeza e revolta na voz.
"O que aconteceu?"
"A corrente da minha avó se rompeu!"
"Aquela corrente?"
"É!"
Depois disso, lágrimas.
Abaixo de um céu despido de nuvem
Um tolo acanhado, busca inspiração
Estrelas o miram, curiosas o ouvem
E ele está mudo, sem verso ou canção
Se você ainda não leu a primeira parte, acesse Regina (parte 1)
"Você não pode ter esquecido. O dia que ele falou que todos nós nascemos para ser amados. Até Jesus precisava ser amado, por isso Deus escolheu o amor puro de Maria."
A confusão no olhar da menina deixou evidente que o discurso não a tocara como fez com ele, tendo a mensagem se perdido no esquecimento.
"Todos nós nascemos para ser amados. Mas e essas pessoas sem ninguém para amá-las?"
Eleanor não lembrava da pregação mas compreendeu o caminho da mente de Josh.
"Elas tem Deus, não? Ele ama todo mundo."
Josh não parecia satisfeito. Ela percebeu.
"Eu ainda não sei o que você quer que eu veja."
Ele sorriu.
"Acho que Deus nos ama através das pessoas. Se não, pra quê tudo isso? Para quê tocamos? E qual a função do padre? E de Maria? Acho que Deus quer que a gente ame as pessoas por Ele."
Ela pareceu adivinhar o desfecho daquele raciocínio e ficou perturbada. Ele amaria a todos igualmente e nunca uma pessoa em especial.
A música daquele sábado foi uma tortura para o padre. Ele realmente alimentou a esperança de ouvir um novo milagre, mas só havia "discussão". Era como se os dois instrumentos, ou melhor, seus operadores, estivessem prolongando o debate na música; não havia hostilidade; não era um conflito; era, realmente, um diálogo fervoroso e diálogos não são coisas harmônicas. Dialética convertida em nuances tonais, mas a síntese parecia nunca chegar. Só na última estrofe, como que por encantado, músicos e instrumentos pareciam finalmente alinhados, acertamos, conectados, de tal forma que as últimas notas não foram mais de dois instrumentos, mas sim um único acorde maravilhoso de um instrumento desconhecido. Eis, novamente, o milagre ansiado pelo Pe. L'Nom.
O padre estava perplexo. As músicas do domingo eram bem executadas; ocorriam com …
Continua…
"Sim! me leva para sempre Beatriz"
Dizia o poeta na canção
E a saudade alerta, chamariz
"Não há mais quem segure tua mão"
Não estava frio, mas chovia. Lhe agradava ver a noite da cidade preenchida de todas as cores das luzes artificiais: dos carros, semáforos, bares.
Era a primeira vez que se permitia assumir que a beleza artificial também lhe encantava, embora não fosse a primeira vez que encantava.
Então eu, que me encanto tanto com o que é belo
Percebi-me capturado por uma beleza nova, talvez
Não era inédita, pois é sempre presente, há elo
Mas aquilo que eu via sempre, notei pela primeira vez
Certa vez um poeta desejou a sorte de um amor tranquilo
Eu te desejo o encontro com alguém que se encante
Como a mim encanta a Lua, que ao fitar me admiro
Um amor imenso, único, inflamado, crescente
(Para minha amada Colorine)
Curiosa amizade esta, de começo acidental
Sem motivo aparente ou fresta, como flor lá no meu quintal
Nasceu sem ser semeada, cresceu porque quis assim
História nunca narrada, sem começo, também sem fim
Decido, desde já e para sempre, que eu não amo a Lua
Sobre minha musa, que esforço faço? minha vida é tua!
Eu aprendi, quiçá inventei, que amor é esforço deliberado
O amor é escolha, ele é cuidado, é um ceder contrariado
Subitamente os sons se esvaem, como se por decreto fosse
E então as certezas caem, com elas toda ilusão de posse
Sumiram todas as vaidades, também se foram os temores
Achava-se dono de verdades? Senhor de rumos e amores?
Ser em idade, aqui minha questão
Cá no meu tempo, sou todo aversão
A tudo que é meio, metade, pedaço,
Eu não tenho tempo, sou todo, eu faço.
A nde! Corra! Ande! Siga! É quase tarde.
N ão te demores onde não te querem. Veja. A vida arde.
T odos sabem. Todos fome. Tudo sede. O que te move?
O utros fogem. Outros tremem. Vem! Se renove!
O Sol pareceu nascer mais cedo, dada a claridade e o calor daquele momento. Tudo estava suavemente manchado de laranja, quase dourado, mas o astro rei ainda não era diretamente visível.
As copas das não poucas árvores dançavam sincronizadas, regidas pela suave brisa que rumava para o oeste, como se perseguisse a noite.