sábado, 15 de julho de 2023

O Amor do Sol

 Donde estou há duas formas de observar o poente

Olhando-o, enquanto se esconde atrás de uma casa no horizonte 

Ou vendo a luz (e calor) que foge(m), subindo (de minha casa) a frente

Quatro linhas escritas, e a sombra escalou (sete metros) qual foguete


Tenho poesia no colo, um livro de Pessoa

Mas me toma o desejo de escrever, algo que em mim ressoa

Trouxe comigo cachimbo, da fumaça já lhe falei

Plantei tabaco, menino, resultado do que fumei


"Há tanta vida lá fora", e eis que cá fora estou

Percebo que ver e sentir, escrevo o que em mim ficou

Há plantas, há pipas e fios, tudo cá na retina

Há aves, telhados, ladrões (na caixa d'água), fervilha o que me atina


Não só por olhar, também ouço 

Há tanto em meu ouvido não moço

Relembro os sons de menino

A vida é harmonia, qual hino


Tentei encerrar esse texto

Alguém dentro em mim "Não! Detesto"

Mandou-me seguir, escrever

Há algo ainda pra ver


Inseto matuto já veio

Formiga trabalho no meio

Na trilha que ali observo 

Lição de trabalho conservo


As linhas encurtaram, notei

Há sonoridade da qual me agradei

Se parênteses irritaram, perdão

Deixar sempre claro é missão


E o Sol? Só uma aura restou

Uma história que o astro rei contou

Me ensinou que ele ama só uma

Uma Lua, ora nova, é bruma


Outra lição o Sol me ensinou

Só a Lua ele, firme, amou

A Lua, livre, gatuna

Ama muitos, todos, soturna


Quando a Lua passeia à noite

Do Sol se afastou, açoite (pra ele)

Ama todos os sóis, estrelas

Ama sempre, tudo, esferas


Um acordo ali se firmou

Que a Lua ame todos, o Sol concordou

Mas há algo para a lua aceitar

Somente ela, ele há de amar

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