Donde estou há duas formas de observar o poente
Olhando-o, enquanto se esconde atrás de uma casa no horizonte
Ou vendo a luz (e calor) que foge(m), subindo (de minha casa) a frente
Quatro linhas escritas, e a sombra escalou (sete metros) qual foguete
Tenho poesia no colo, um livro de Pessoa
Mas me toma o desejo de escrever, algo que em mim ressoa
Trouxe comigo cachimbo, da fumaça já lhe falei
Plantei tabaco, menino, resultado do que fumei
"Há tanta vida lá fora", e eis que cá fora estou
Percebo que ver e sentir, escrevo o que em mim ficou
Há plantas, há pipas e fios, tudo cá na retina
Há aves, telhados, ladrões (na caixa d'água), fervilha o que me atina
Não só por olhar, também ouço
Há tanto em meu ouvido não moço
Relembro os sons de menino
A vida é harmonia, qual hino
Tentei encerrar esse texto
Alguém dentro em mim "Não! Detesto"
Mandou-me seguir, escrever
Há algo ainda pra ver
Inseto matuto já veio
Formiga trabalho no meio
Na trilha que ali observo
Lição de trabalho conservo
As linhas encurtaram, notei
Há sonoridade da qual me agradei
Se parênteses irritaram, perdão
Deixar sempre claro é missão
E o Sol? Só uma aura restou
Uma história que o astro rei contou
Me ensinou que ele ama só uma
Uma Lua, ora nova, é bruma
Outra lição o Sol me ensinou
Só a Lua ele, firme, amou
A Lua, livre, gatuna
Ama muitos, todos, soturna
Quando a Lua passeia à noite
Do Sol se afastou, açoite (pra ele)
Ama todos os sóis, estrelas
Ama sempre, tudo, esferas
Um acordo ali se firmou
Que a Lua ame todos, o Sol concordou
Mas há algo para a lua aceitar
Somente ela, ele há de amar
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