sexta-feira, 28 de julho de 2023

Ventoso

 "Ventoso!", ela acusou, e parecia irritada

Sorrindo ele agradeceu, mas não havia piada

Sorriso a incomodou, como se confirmasse o dito

Portanto se retirou, era um caso perdido


E ele voltou para casa, feliz abraçava o vento

Esse carinho do ar, que ele amava faz tempo

Ainda era dia e ele via no céu, as aves a revoar

E o vento as levava alto, não precisava esforçar


Em casa ficou tranquilo, tomou café e sorriu

Lembrando do elogio, que sua amiga emitiu

Abocanhou um biscoito, falava como no Rio

Mas por aqui é "bolacha", e ele se corrigiu


Passava-se algum tempo, que a amiga não via

E se via era longe, distante ela se mantinha

E ele tentava contato, "Bom dia" ou um "Olá"

Mas ela o evitava, "Bom dia. Vou acolá!"


Sumiu um segundo amigo, e outro e quase seis

E ele se perguntava, "O que acontece com vocês?"

Nse sentia solitário, e nada mais animou

Pois de tudo que gostava, parecia que apagou


Depois de um tempo solo, parou para refletir

E lembrou daquele dia, que a amiga o fez sorrir

Notou que foi ali, a marca exata, o dia

Quando ela o ligou ao vento, depois já não respondia


Correu para o dicionário, era firme a intenção

Saber, afinal, que raios, dizia a encadernação

Que era ligado ao vento, tá claro, até bastante

Mas havia outro ponto, dizia "és arrogante"


"E tudo ficou tão claro...", no rádio disse a canção

E ele não podia crer, que de si era essa a noção

Voltou-se lá, bem profundo, e decidiu a mudança

Queria ter seus amigos, amava sua andança


E ainda amava o vento, mas aprendeu o ensino

Pois o vento e o bambu, revelam o seu destino

Não era mais o alto voo, das aves que imitaria

Humilde como o bambu, sabia, se curvaria


Ganhou de volta os amigos, de todos se aproximava

E todos se alegraram, tá claro, não simulava

Seguiram a vida assim, não queriam bravata bravata

E o vento, o riso e os verbetes, abençoaram a jornada

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