O rato roeu ou deixou? Pegou e Fugiu
Falta algo por aqui; e sei que sumiu
Correu pra longe, mato, bosque, ou montanha
Veloz e ágil, bichinho que não se apanha
Mas o que o rato levou? Que há falta é fácil falar
Mas explicar, de fato, o que era, descrever eu posso falhar
Não era comida, petisco, pro corpo nenhum sustento
Ainda assim tinha vida, da alma era alimento
Safado esse animal, que não deixou nem migalha
Inda que fosse abundante, coisa dessas que espalha
Guardou tudo para si, esse covarde mesquinho
Egoísta que se demostrou, o tal do chato bichinho
Partiu tão rápido que nem cheguei perceber
Que o que levava apressado me faria parecer
Foi tão veloz, quase voou, qual besouro
Mas eu entendo, era urgente guardar o tesouro
Esse ladrão, levou consigo até meu fôlego
Agora fico aqui, vazio, não tenho fogo
Dizem que os ratos botam medo em elefante
Faltou dizer que me deixou vazio gigante
Deste falsário, travestido de bichim
Eu vou dar queixa, publicar lá no clarim
Quero de volta a substância que se foi
Antes que a falta fique imensa, já corrói
Amigo rato, eu te peço, me devolvas
Antes que com a coisa toda, tu te envolvas
Pois se o que portas te tocar o coração
É dos amantes, que tu te juntas à nação
Pois o que falta, e eu sei, tá no seu bolso
É o carinho, o afeto, do amor o esboço
Aquela coisa que empele a criar
Canção do artista, ou pintura, ou o rimar
Pois sentimento e de onde a inspiração
De cada gesto, letra, toque e relação
Se não devolve, manda apenas um pedaço
Pois sei com ele fazer dez, te dou um maço
Pois se o amor no solo estéril é colocado
Já se sabe, quase nada é germinado
Mas aqui, eu vou cuidar, regar, olhar
E logo vedes, já vem fruto, muito amar
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