quarta-feira, 26 de julho de 2023

O Rato

 O rato roeu ou deixou? Pegou e Fugiu

Falta algo por aqui; e sei que sumiu

Correu pra longe, mato, bosque, ou montanha

Veloz e ágil, bichinho que não se apanha


Mas o que o rato levou? Que há falta é fácil falar

Mas explicar, de fato, o que era, descrever eu posso falhar

Não era comida, petisco, pro corpo nenhum sustento

Ainda assim tinha vida, da alma era alimento


Safado esse animal, que não deixou nem migalha

Inda que fosse abundante, coisa dessas que espalha

Guardou tudo para si, esse covarde mesquinho

Egoísta que se demostrou, o tal do chato bichinho


Partiu tão rápido que nem cheguei perceber

Que o que levava apressado me faria parecer

Foi tão veloz, quase voou, qual besouro

Mas eu entendo, era urgente guardar o tesouro


Esse ladrão, levou consigo até meu fôlego

Agora fico aqui, vazio,  não tenho fogo

Dizem que os ratos botam medo em elefante

Faltou dizer que me deixou vazio gigante


Deste falsário, travestido de bichim

Eu vou dar queixa, publicar lá no clarim

Quero de volta a substância que se foi

Antes que a falta fique imensa, já corrói


Amigo rato, eu te peço, me devolvas

Antes que com a coisa toda, tu te envolvas

Pois se o que portas te tocar o coração

É dos amantes, que tu te juntas à nação 


Pois o que falta, e eu sei, tá no seu bolso

É o carinho, o afeto, do amor o esboço

Aquela coisa que empele a criar

Canção do artista, ou pintura, ou o rimar


Pois sentimento e de onde a inspiração

De cada gesto, letra, toque e relação

Se não devolve, manda apenas um pedaço

Pois sei com ele fazer dez, te dou um maço


Pois se o amor no solo estéril é colocado

Já se sabe, quase nada é germinado

Mas aqui, eu vou cuidar, regar, olhar

E logo vedes, já vem fruto, muito amar

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